No livro Poder S/A ninguém se salva. Nenhum personagem é poupado, não existem mocinho e bruxa má do oeste. Digo sempre que as relações entre torturado e torturador não deixam de ser de comum acordo. Afinal de contas, sempre existe a porta de saída e todo mundo, a qualquer momento, pode pedir demissão. Ficar e ser massacrado pelo chefe não deixa de ser uma opção escolhida pela vítima em questão.
Mas sei que muitas vezes – talvez a grande maioria – as pessoas que sofrem assédio moral acabam passando por um seqüestro interno em que elas, os assediados, são levados a um grau de baixa auto-estima que acabam acreditando que aquele é o único cenário de trabalho em que podem se enquadrar. O assediador faz com que seu subordinado ache mesmo que é – desculpe a palavra – um merda tão merda que nenhum lugar o contratará. E assim se estabelece uma relação sadomasoquista empresarial muitas vezes conhecida e reconhecida pelo RH, diretoria e até presidência do escritório em que se desenrola esse tipo de trama de filme B.
Algumas vezes essas práticas absurdas vêm à tona e a justiça é feita contra os maus-patrões. No dia 9 de julho, deu, na Folha de São Paulo, a sentença final de uma grande empresa pela ação conjunta de vários de seus funcionários do Rio Grande do Norte que entraram na justiça contra a forma de trabalho desumana na firma. Que sirva de exemplo!
Beto Ribeiro, escritor, diretor, roteirista e produtor executivo de TV. Autor de Poder S/A e Eu Odeio Meu Chefe. Na TV, tem mais de 40 séries no ar: Série A3 (Amazon Prime Video), Filme B (Canal Brasil); Terra Brasil (Animal Planet/TV Cultura); Força de Elite e Muito Além do Medo (AMC); Prato do Dia (TLC); Investigação Criminal (AXN); Anatomia do Crime (Discovery).
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