(Detesto post longo, mas este merece)
Uma das perguntas que mais ouço quando alguém descobre que virei escritor é: “Como você fez pra conseguir lançar um livro?”. Seguida de: “Quanto você vai ganhar?”. Respondendo a primeira questão...
Olha, não é fácil. Não é fácil escrever um livro – exige mais que talento. Exige organização e disciplina. E não é fácil conseguir uma editora. Eu até tive um pouco de sorte, já que, entre escrever a primeira página e ver o livro nas livrarias, existe o intervalo de apenas um ano. Mas sei que a maioria das pessoas batalha durante anos para conseguir que algum editor leia seu trabalho – sem garantias que seja publicado.
Apesar de eu ter inúmeros bons contatos que teriam me ajudado a encontrar uma editora ainda mais rápido, resolvi entrar na fila normal que todo escritor de primeira viagem está. Não quis convite VIP nem nome na lista. Queria ter certeza que, caso eu conseguisse lançar o livro, seria uma conquista limpa.
Com toda essa vontade de protagonista de novela das seis, lá fui eu pesquisar como mandar um original para alguma editora. Busquei na Internet, visitei várias e várias livrarias para descobrir endereços e nomes de editoras. Fiz uma relação de quase trinta possíveis nomes. Achei que seria fácil. Afinal, já tinha visto aquele DVD do The Secret umas dez vezes e tinha certeza que o tema do livro era bom.
Hahahahaha. Ledo engano.
Meses passavam e, quando tinha alguma resposta, era sempre negativa. Tinha certeza que ninguém estava lendo meu livro, apenas colocando cartas prontas de “obrigado, mas não temos interesse em publicar seu livro”. Quando eu já estava jogando a toalha, meu enredo de folhetim vespertino trouxe a quase-hora-da-virada: chegaram dois emails animadores. O primeiro foi da Editora Jaboticaba, que não ia editar o livro, mas que falou bem do meu trabalho, e explicou a falta de afinidade do assunto do livro com a editora. Deu incentivo para eu não desistir. Gostei. O segundo email chegou da Editora Girafa se interessando em ler meus originais. Não tive resposta até hoje, mas valeu saber que o assunto que escrevi era realmente interessante.
Fiquei feliz, mas de qualquer maneira, não tinha vontade de sair por uma editora muito pequena... Como trabalhei anos nas Lojas Americanas sei bem que o mais complicado para qualquer produto é a distribuição, chegar até os pontos de venda. E não adianta se iludir... Quem chega em todas as livrarias são as editoras grandes. Não é a toa que elas são grandes.
E, numa bela quarta-feira, lá estou eu envolto em aprovações de campanhas quando vejo que chegou um email de uma editora. Já sabia que era mais um texto X, dizendo qualquer coisa. Nada do que eu queria ler. Deixei o email lá, esperando.
Quando eu estava fechando meu computador para ir embora (sempre às 18h – detesto gente workaholic que não gosta da própria casa e trabalha até às 23h), vi aberta a janela do meu hotmail pessoal e aquela irritação de email me olhando. Pensei: “OK, bom, leio essa merda e deleto”.
Olha aí o Santo Gilberto Braga da minha vida chegando com o final feliz. O email era uma proposta de contrato para publicar meu livro. E era de ninguém mais, de ninguém menos, que da Editora Nobel, uma das maiores editoras do Brasil. Se não for a maior.
Era novembro, e acabei assinando o contrato em janeiro. Viajei quarenta dias para Europa (tá, meu bem?), voltei e começamos os trabalhos para o lançamento. Sei que se eu tivesse sido mais rápido, o livro já estaria nas livrarias. Mas... lendo Fernando Pessoa, entendi que tudo está no tempo certo. O velho e bom Português disse: “Cada coisa a seu tempo tem seu tempo”.
Bom... é isso...
E sobre quanto eu ganhei ou vou ganhar... Sem comentários.
3 comentários:
Oi Beto.
Quando comentava com a Cintia sobre seu potencial criativo e comunicativo, tinha certeza que um dia como esse iria chegar. Quando vai ser a entrevista no Jô? :)
Parabéns, muito sucesso e um forte abraço,
Sergio
você trabalho na lasa? em qual departamento? onde mais vc trabalhou?
Ai, amore, numa fase de tantos alinhamentos, só me resta dizer que este template me bastará até o deadline do lançamento do livro. Eu, como uma exímia multiplicadora de sua obra, me acabo em elogios daquilo que nem vi, mas já gosto. É uma pena que tenha que parar por aqui, pois tenho muitos TO DOs na mesa (essa é nova!). Em suma: MERDA! Beijossss da Aurora
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