Empresa que quer ser chique tem que ser educada. Tem que ser muito bem educada. Não digo ser puxa-saco ou gentil demais. Ser apenas educada está de bom tamanho. Empresa que quer dar uma de mamãe-sou-ótima dá nos nervos. Principalmente porque acaba querendo ser melhor-maior que o cliente... E quem é que paga as contas da empresa mesmo...? Ah, sim, o cliente, claro...
Hoje, por exemplo, quem vai ao Hotel Unique de São Paulo se sente praticamente fazendo um favor para o staff mal humorado, e mal educado também, ao entrar pelo seu majestoso e exagerado hall. Ao chegar para visitar uma amiga, prepare-se ao ter que enfrentar os cães de guarda da recepção que não vão acreditar que você está ali só de passagem. JA-MA-IS! Você, visitante, é sim um possível sequestrador-assassino-e-ui!-salafrário. Cuidado com a equipe-FBI do Unique. Eles sabem DE tudo, têm tudo. Ao pedir para avisar seu amigo que você está subindo, a nada fashion-bacana-atendente-que-ganha-real-por-hora-mas-trabalha-no-Unique vai exigir seu documento com foto, obrigar você a preencher ficha com CPF, RG e tudo O mais que o dono-do-mundo-Unique quiser.
E não reclame ou ela vai bater seus dados antes no SERASA para te liberar. Além, claro, de ficar ainda mais feia com sua cara feia e dizer "Senhor, é para segurança dos hospedes do hotel, senhor". Sim, ela fala duas vezes a palavra “senhor”, não tem jeito. Lembra muito a “U”anda do meu livro. Aí me pergunto... Quer dizer que da porta da rua até o balcão não estou seguro??? Se você fosse ladrão iria preencher a ficha antes de mandar a moça levantar as mãos para o alto? Claro que sim! O Unique é tão incrível que pelo menos o número da identidade do bandido ele terá.
E depois ainda te jogam num elevador mais escuro que cinema (onde você pode ser até violentado que ninguém vai ver), cai num corredor feio e de mau gosto sem uma luzinha sequer, e não vai achar o apartamento da sua visita porque a ordem dos quartos foi feita por alguém que tinha como objetivo enlouquecer quem ali vai dormir. Isso sem falar na decoração cafona-socorro dos quartos, da janela automática que ninguém sabe onde abre e do telefone que não funciona. O banheiro... Esquece, não vou perder tempo com essa parte.
Poderia aqui comparar o Hotel Melancia (como o Unique é conhecido pelos transeuntes de Sampa. Olhe a foto do hotel e entenderá o apelido) com Emiliano, Fasano, Copacaba Palace – para falar dos mais simples – para mostrar o que é bom atendimento. Poderia também falar do Danieli, de Vezena, para mostrar o que é ser chique. Poderia ainda falar do Ritz de Paris, ou do Westin Paris para elencar o que é sofisticação. Mas prefiro fazer uma campanha: NÃO FIQUE NO UNIQUE!
Antes, aquele hotel de concreto era até um prédio charmoso na Brigadeiro. Hoje, é apenas uma melancia podre no meio de São Paulo.
Tá aí... sabe que esse hotel até que dará um excelente cenário para meu segundo livro...? É de se pensar, não é?