Tá, OK, conta outra.
Em principio, somos todos iguais, temos todos os mesmos direitos. Temos todos os mesmos direitos para educação, para a saúde. Ou seja, deveríamos ser quase 200 milhões de pessoas bem-educadas, com muito conhecimento e muitos livros lidos pela vida. Sabemos bem que não é assim que a banda toca. Aliás, tem alguma banda?
Na saúde, então... Acabo de ver no Jornal Hoje, da TV Globo, duas matérias coladas sobre saúde. Duas matérias que gritam como há sim dois tipos de seres humanos. Na primeira matéria, vemos o desgaste e a angústia daqueles que precisam se utilizar da saúde pública para continuarem vivos por causa da gripe suína (Suína SIM! Pára com essa coisa chata de H1N1). Na matéria seguinte, aparece Felipe Massa chegando de jatinho-ambulância em São Paulo e entrando porta adentro do Hospital Arbert Einstein. Na matéria dos pobres-coitados-se-virem-como-podem, corta para um jovem de 29 anos que acaba de ficar viúvo. Sua esposa, grávida, morreu pela gripe. Corta, agora, para o repórter falando sobre Felipe Massa: "ele passa bem e já está fazendo milhares de exames". Ufa! Que bom...
Cortamos, de novo, para a matéria da saúde pública. Lá, uma mulher conta que deve procurar outro hospital porque naquele, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, não há médicos. Voltamos à porta de Albert Einstein, onde, aliviados, recebemos a noticia que uma junta médica cuida de Felipe Massa...
Como pode haver tanta diferença de tratamento? Claro que o piloto tem direito - paga por isso. E paga muito bem, obrigado. Mas os outros seres humanos, digamos, comuns, não podem mesmo receber um pouco de cuidado, digamos, humano?
O melhor mesmo foi a terceira matéria, que veio ali, como quem não quer nada, pensando que ia passar sem ninguém ver. Era sobre o vice-presidente deste Brasil Guaranil. José de Alencar acaba de sair do Sirio Libanês, em São Paulo. Hospital dos bons, dos caros e só equipe A. Bacana, bonito, Uepa! Que tal se o querido vice-presidente, o presidente, os ministros tivessem, por lei, que usarem o sistema público de saúde? Sim, porque quem pagou as contas do vice-presidente no Sirio foi quem mesmo? Uma nota e uma chance... Acertou! Você, eu e todo mundo - inclusive o Felipe Massa e todos os seres humanos comuns que se utilizam da rede pública de saúde.
Ai, ai... Brasil, meu Brasil brasileiro... Por isso que um dia mudo daqui!
Pronto, me irritei.
Beto Ribeiro, escritor, diretor, roteirista e produtor executivo de TV. Autor de Poder S/A e Eu Odeio Meu Chefe. Na TV, tem mais de 40 séries no ar: Série A3 (Amazon Prime Video), Filme B (Canal Brasil); Terra Brasil (Animal Planet/TV Cultura); Força de Elite e Muito Além do Medo (AMC); Prato do Dia (TLC); Investigação Criminal (AXN); Anatomia do Crime (Discovery).
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Somos todos iguais perante a lei
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2 comentários:
Pois é Beto, a teoria é muito linda. Na prática é que a gente vê como as coisas funcionam. Me recordo que um professor na faculdade que uma vez fez o seguinte comentário: "Se um E.T. pousasse seu disco voador aqui na Terra e lesse a Constituição ele ia querer na hora morar aqui no Brasil!" Pois é...
Concordo que deveria haver uma lei que obrigasse os políticos a usarem não apenas os sistemas públicos de saúde, mas também os de educação! Por que os filhos dos políticos não estudam em escola pública?? Tem cabimento um professor do estado do Rio, concursado, ganhar um salário ridículo de 500 reais? e ainda por cima ter meta de aprovação (porque as estatísticas precisam estar bonitas) e ainda ser ameaçado de morte por alunos que só comparecem para ganhar a bolsa família que será usada para comprar celulares sofisticados e tênis de marca...
É de doer... Brasil um país de todos...
Também almejo um dia poder ir para um lugar melhor.
Um grande beijo!
Olá grande Beto (adorei seu Livro)!!
Realmente, isso é o cumulo, mas o Art. 5 Inciso I da constituição não é levado muito a sério. Não mesmo, se não fosse analisado um ponto que meu professor de direito disse. A Isonomia (principio defensor dos pobres e oprimidos) deve ser lida “todos iguais respeitando seu nível de desigualdade”, bonito, não?!?! Vamos exemplificar, se uma pessoa negra utilizar uma camiseta com os dizeres "100% Negro" tudo bem!! Agora se uma pessoa branca, utilizar uma camiseta com os dizeres "100% branco" vai ver o Sol nascer quadrado!! Por essas e outras que os Negros, Pardos, Índios, têm direitos a cotas em tudo que lugar, já que somos todos iguais. (detalhe que só ficaram de fora os Brancos será isso racismo??). É por isso que o “Insino” Público está essa beleza, e pelo mesmo motivo que o Felipe Massa tem direito a saúde que os pobres-coitados-do-povo-brasileiro não têm. Os pobres devem ser respeitados perante a Lei, segundo sua desigualdade, ou seja, sem nada, nem direito nenhum, só o de levar fumo e ficar quieto. Essa da constituição tá mais para Inglês ver, Por que pelo meu próprio professor de Constitucional, ele não é bem ao pé da letra (principalmente referindo-se aos políticos). O que quero dizer é: Negro, branco, pardo, índio, pobre, rico, o que for, não têm direito a cotas, ou a uma educação, ou saúde melhor ou pior, mas sim, a algo de qualidade. Já que (no mesmo assunto), Art. 3 (todo), mas com ênfase, nos Incisos I, III e IV (só ficou de fora do II), é o que esse país nunca vai alcançar. "Brasil um país de Todos"
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