É isso mesmo. Ninguém tem que aguentar calado qualquer que seja o assédio do patrão. Chefe, assistente, copeira, recepcionista. Não interessa o título do seu crachá, lembre-se que sempre há uma porta de saída. E o mundo não termina nas paredes da sua empresa. Não mesmo... Veja a história abaixo dos estagiários que se rebelaram contra o patrão. Pior, nesse caso, é que o patrão é o Estado do Mato Grosso que queria que seus estagiários fossem fazer figuração no discurso do candidato à prefeitura que é apoiado pelo governador Blairo Maggi.
Estagiários denunciam pressão para participarem de evento de campanha em Cuiabá
RODRIGO VARGAS da Agência Folha, em Campo Grande
Estagiários que prestam serviço ao governo de Mato Grosso procuraram a Justiça Eleitoral e a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) para denunciar uma suposta pressão que teriam sofrido para que participassem de um evento em apoio à campanha do empresário Mauro Mendes (PR) à Prefeitura de Cuiabá.
Nesta semana, a Justiça Eleitoral proibiu o governador Blairo Maggi (PR) de conclamar os servidores comissionados do Estado a apoiar o candidato, que é seu afilhado político. O governador havia pedido, durante outro ato da campanha, o apoio dos servidores.
O mais recente episódio, segundo os estagiários, ocorreu no início da tarde da última sexta-feira, em reunião convocada pelo superintendente do Arquivo Público do Estado, Cláudio Borges. O órgão é vinculado à Secretaria Estadual de Administração.
Ao todo, 15 estagiários atuam no órgão, sendo 13 alunos do curso de História da UFMT e dois alunos de uma faculdade privada. Ouvido pela Folha, um dos estagiários disse que todos foram chamados à sala do superintendente e "convocados" a participar do evento.
"Fomos informados de que se tratava de uma determinação do secretário de Administração [Geraldo De Vitto]", disse o estagiário, que, por temor de represálias, pediu para não ser identificado. Segundo ele, o superintendente insinuou a possibilidade de cortes em caso de não comparecimento.
Nesta semana, uma comissão de seis estagiários entregou queixa por escrito ao diretor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFMT, Vitale Joanoni Neto. O grupo também formalizou denúncia no 51º cartório eleitoral.
"Assim que tomei conhecimento, entrei em contato com o Arquivo Público", disse Vitale Neto, que disse a princípio ter considerado o caso "sério". Segundo ele, a situação foi depois "esclarecida" após uma conversa com o superintendente. "Me parece que houve um mal-entendido. Ou talvez o convite não tenha sido feito com o devido cuidado", afirmou.
Outro lado
A Secretaria de Administração, por meio de sua assessoria, confirmou que o convite aos servidores e estagiários foi feito a partir de uma "deliberação" do secretário De Vitto aos diretores de superintendências ligadas à pasta.
O superintendente do Arquivo Público, Cláudio Borges, negou que tenha feito pressão, mas admitiu que pode ter empregado "um verbo errado" durante a conversa com os estagiários. "Eu usei convocar, quando deveria ter usado convidar. Isso causou uma impressão errada", disse.
Segundo ele, os estagiários têm feito um "excelente trabalho" na instituição e nunca estiveram sob ameaça.
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