Beto Ribeiro, escritor, diretor, roteirista e produtor executivo de TV. Autor de Poder S/A e Eu Odeio Meu Chefe. Na TV, tem mais de 40 séries no ar: Série A3 (Amazon Prime Video), Filme B (Canal Brasil); Terra Brasil (Animal Planet/TV Cultura); Força de Elite e Muito Além do Medo (AMC); Prato do Dia (TLC); Investigação Criminal (AXN); Anatomia do Crime (Discovery).
sábado, 31 de maio de 2008
E o RH é o mais odiado - pelo menos neste site
sexta-feira, 30 de maio de 2008
A verdade sempre prevalecerá... Será?
Um senhor, digamos, robusto, enchia seu carrinho com queijos e mais queijos quando seu querido Nokia N95 tocou. Antes de atendê-lo viu pelo nome no visor quem o interrompia naquele festivo ato consumista. “Cacete... Puta mulher chata!”, gritou como se estivesse vendo jogo do Palmeiras entre amigos na sua espaçosa sala de televisão.
Não me contive e fui para mais perto do senhor, tinha que ouvi-lo melhor – como diria o Lobo Mau. O diálogo começou, mas, antes, sua voz irritada passou para um tom doce, amigo... servil.
- Bom dia, Fulana (claro que não vou contar qual o nome da dita cuja)!
Vários Hum-hum foram repetidos e repetidos – e eu não vou inventar o que o outro lado falava porquê, claro, não consegui ouvir. O robustão tentou várias vezes cortá-la, mas era perceptível que a Malvina Cruela da história não deixava.
- Sim, sim, eu sei. Mas o que eu posso fazer? Você me mandou para essa viagem. Eu não consigo fazer nada daqui, só quando eu chegar em São Paulo!
Peraí, onde eu estou?, perguntei a mim mesmo. Será que fui para Paris sem ser avisado? Não, não,... Infelizmente não... Certifiquei a minha localização com o simpático repositor que também estava de butuca na história dos outros. Claro, pensei triste, continuo aqui na Brigadeiro Luis Antônio (lado dos Jardins, óbvio), praticamente esquina com a Avenida Paulista. Mais em São Paulo, impossível. Ou seja, o nosso protagonista, o robustão, é mentiroso.
- Chego só hoje à noite, no último vôo. Pode avisar ele que só vejo isso na segunda-feira? – Interrupção da Odete Roitman – Tá, desculpa... Eu sei... Tá, eu vejo no sábado, então... Tá, outro. – aqui um pergunta, a moça lá do outro lado mandou beijos ou abraços? Nunca saberemos...
Foi nessa hora que o dono do celular, o nosso protagonista-robusto, virou e me encarou. Seu sorriso sem graça quase me fez dar um abraço tipo Não-fica-assim-não. “Oi, Beto, tudo bem?”, ele perguntou vindo me dar a mão. Claro que também rezando para eu não ter escutado nada. Ambos sabíamos a verdade: eu ouvi tudo e conheço – muito bem – a pessoa com quem ele estava falando. Nós três, a Malvina Cruela, o robustão e eu já trabalhamos juntos numa importante empresa cujas ações subiram mais de 40% nos últimos meses.
Conversamos um pouco, contei do livro e ele prometeu estar na noite de autógrafos. Não precisei jurar que não contaria nada para a sua chefa-chefe. Ele sabe que não farei isso. Mas não me contive na despedida, e desejei boa viagem para o moço. Ele não respondeu e continuou em frente com seu carrinho de compras.
Não acho que o robustão esteja errado. Não mesmo. Aliás, acho muito saudável, até, dar uma cabulada ou outra no trabalho. É meio se sentir dono da sua própria vida. Se você nunca fez isso, faça. Escolha um dia com chuva – de preferência durante a semana e não de sexta ou segunda que dá muito na cara. Vá ao cinema às 3 da tarde, ou veja toda a primeira temporada de Lost. Diga que tem um compromisso, exame de estômago, fique gripado. E espante a culpa, hein. Com dor de consciência não tem graça enforcar um dia de trabalho.
E, agora, eu jogo uma pergunta para você com base no título deste post: será que tudo o que contei é realmente verdade? Será?
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Método Gronholm – A Tortura Chamada RH
O filme O que você faria? apresenta as três respostas para as perguntas acima. E é incrível até que ponto chega o ser humano. No longa, vários executivos são colocados numa sala de reunião e estão em disputa pelo mesmo cargo. Todos numa espécie de entrevista de emprego às avessas, em que têm que participar de várias provas para ver quem é o melhor para a empresa. E pior: um dos candidatos é impostor, é, na verdade, um funcionário, um “Colaborador” de ninguém mais, ninguém menos, que do RH. Claro, sempre ele.
Esse filme é baseado na peça Método Gronholm, do espanhol Jordi Galcerán, que foi encenada em 2007 em São Paulo pelos ótimos Tais Araújo, Lázaro Ramos, Ângelo Paes Leme e Edmilson Barros. Galcerán escreveu a peça graças ao lixo do aeroporto de Barcelona. Sim, ao lixo. Lá estava o bonito, o escritor e não o lixo, sentado na sala de embarque quando sua curiosidade o fez puxar uma pasta que estava na lixeira. Era simplesmente todos os testes e observações feitas pelos impiedosos executivos de RH de uma grande empresa catalã. Incrível como esse RH é danado e sempre acha que é melhor que todos... Não se dá nem ao trabalho de rasgar suas maldades. É, meus amigos e amigas, a peça é toda baseada em fatos reais e para lá de tristes.
A peça de teatro foi, acabou, adeus. Mas o filme você encontra em DVD, que só está para locação, acho. Não o encontrei em nenhuma loja online.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Moleskine de Escritor – Anotando Idéias Novas e Até as Suas Histórias ou Moleskine X Palm
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Prédio de Escritórios Estranho... Nome Esquisito...
Um dos personagens principais do Poder S/A é o prédio em si onde as empresas do livro moram. E ele também traz esse carma de nome bobo criado por algum arquiteto ou publicitário com tempo de sobra: SP Centrale Downtown Financial Center. E é o que falo no livro: além do prédio não estar no centro da cidade, e só existir um banco habitando o SP Central, pra que tanta mistura de idiomas?
Andando pelo Itaim – bairro onde acontecem as histórias do Poder S/A - depois de cortar o cabelo, saquei minha câmera para registrar os nomes dos prédios da rua onde eu estava. Mas como minha querida 6 Mega Pixels foi subornada pelas empresas locais, a bonita resolveu acabar com a bateria quando eu tinha apenas umas três imagens… Vamos analisar, juntos, os nomes dos buildings, dessa santa trindade:
O que é isso? Miami Business... Fofo né? Já disse a canção: "aí eu vou misturar Miami com Copacana". Copacabana, pelo menos, tem praia. E cadê a areia do Itaim? Por onde andam os vendedores do biscoito O Globo? Pra que isso? Não podia se chamar somente Edificio Itaim?
Tradução do nome: Ed. Negócios Miami. Ai, ai...
Work Home Itaim. Em bom portuga: Casa do Trabalho Itaim. Tá, o que quer dizer é, tipo, "sinta-se em casa"? No trabalho??? Difícil, hein.
E ainda gastam com uma bela placa grande, pomposa pra estampar o nome do Office Center. Cadê a Lei Cidade Limpa? Hein? Cadê?
Este nome eu amo de paixão, como diriam uns aí. Porquê, pra explicar o que ele significa, tenho que dar seu sinônimo em inglês. Incrível, né?
Open Mall, ou seja, Shopping Aberto. "Aberto" porque as lojas ficam num pátio sem teto e não por ser 24 horas.
E vou continuar assim, tirando fotos desses nomes e colocando aqui. Se você também tiver alguma boa imagem desses prédios, manda pra mim pelo e-mail betoribeiro.poder@gmail.com .
Clique aqui para conhecer mais prédios com nomes... digamos... estranhos.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Qual A Exceção do Mundo Corporativo?
A história passeia pelas vidas de três mulheres que trabalham no Centro de Pesquisa de Genocídio de Copenhague, a linda capital da Dinamarca (nem nos Nórdicos o trabalho é menos maçante). No pequeno escritório que serve de cenário, as três vivem em disputa e fofoquinhas tolas para ver quem se dará melhor com o chefe, o egocêntrico Paul. Existe ainda um clima de suspense para saber quem é que anda ameaçando as moças de morte.
O livro perde um pouco o fôlego ao querer mostrar demais as vidas das protagonistas, e trazer textos/matérias looooonnnnggggaaassss sobre os principais genocídios da nossa História recente.
Mas vale a pena a leitura, principalmente para os que transitam pelo universo corporativo. Segundo o The Economist, “Leia (A Exceção) e você jamais olhará seus colegas de trabalho da mesma maneira”.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
O Primeiro Livro a Gente Não Esquece!
(Detesto post longo, mas este merece)
Uma das perguntas que mais ouço quando alguém descobre que virei escritor é: “Como você fez pra conseguir lançar um livro?”. Seguida de: “Quanto você vai ganhar?”. Respondendo a primeira questão...
Olha, não é fácil. Não é fácil escrever um livro – exige mais que talento. Exige organização e disciplina. E não é fácil conseguir uma editora. Eu até tive um pouco de sorte, já que, entre escrever a primeira página e ver o livro nas livrarias, existe o intervalo de apenas um ano. Mas sei que a maioria das pessoas batalha durante anos para conseguir que algum editor leia seu trabalho – sem garantias que seja publicado.
Apesar de eu ter inúmeros bons contatos que teriam me ajudado a encontrar uma editora ainda mais rápido, resolvi entrar na fila normal que todo escritor de primeira viagem está. Não quis convite VIP nem nome na lista. Queria ter certeza que, caso eu conseguisse lançar o livro, seria uma conquista limpa.
Com toda essa vontade de protagonista de novela das seis, lá fui eu pesquisar como mandar um original para alguma editora. Busquei na Internet, visitei várias e várias livrarias para descobrir endereços e nomes de editoras. Fiz uma relação de quase trinta possíveis nomes. Achei que seria fácil. Afinal, já tinha visto aquele DVD do The Secret umas dez vezes e tinha certeza que o tema do livro era bom.
Hahahahaha. Ledo engano.
Meses passavam e, quando tinha alguma resposta, era sempre negativa. Tinha certeza que ninguém estava lendo meu livro, apenas colocando cartas prontas de “obrigado, mas não temos interesse em publicar seu livro”. Quando eu já estava jogando a toalha, meu enredo de folhetim vespertino trouxe a quase-hora-da-virada: chegaram dois emails animadores. O primeiro foi da Editora Jaboticaba, que não ia editar o livro, mas que falou bem do meu trabalho, e explicou a falta de afinidade do assunto do livro com a editora. Deu incentivo para eu não desistir. Gostei. O segundo email chegou da Editora Girafa se interessando em ler meus originais. Não tive resposta até hoje, mas valeu saber que o assunto que escrevi era realmente interessante.
Fiquei feliz, mas de qualquer maneira, não tinha vontade de sair por uma editora muito pequena... Como trabalhei anos nas Lojas Americanas sei bem que o mais complicado para qualquer produto é a distribuição, chegar até os pontos de venda. E não adianta se iludir... Quem chega em todas as livrarias são as editoras grandes. Não é a toa que elas são grandes.
E, numa bela quarta-feira, lá estou eu envolto em aprovações de campanhas quando vejo que chegou um email de uma editora. Já sabia que era mais um texto X, dizendo qualquer coisa. Nada do que eu queria ler. Deixei o email lá, esperando.
Quando eu estava fechando meu computador para ir embora (sempre às 18h – detesto gente workaholic que não gosta da própria casa e trabalha até às 23h), vi aberta a janela do meu hotmail pessoal e aquela irritação de email me olhando. Pensei: “OK, bom, leio essa merda e deleto”.
Olha aí o Santo Gilberto Braga da minha vida chegando com o final feliz. O email era uma proposta de contrato para publicar meu livro. E era de ninguém mais, de ninguém menos, que da Editora Nobel, uma das maiores editoras do Brasil. Se não for a maior.
Era novembro, e acabei assinando o contrato em janeiro. Viajei quarenta dias para Europa (tá, meu bem?), voltei e começamos os trabalhos para o lançamento. Sei que se eu tivesse sido mais rápido, o livro já estaria nas livrarias. Mas... lendo Fernando Pessoa, entendi que tudo está no tempo certo. O velho e bom Português disse: “Cada coisa a seu tempo tem seu tempo”.
Bom... é isso...
E sobre quanto eu ganhei ou vou ganhar... Sem comentários.
domingo, 18 de maio de 2008
A Fotógrafa e o Fotografado
Em tempo: achei uma foto nossa juntos no meu apartamento do Rio de Janeiro numa sessão de fotos feita com muito champanhe. Mas esse já é outro causo... A foto vale pra todo mundo conhecer Olga – que geralmente está por trás das lentes.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Capas Antigas - quando o título era outro...
Pensamos em algumas capas usando a maçã como ícone da sedução do poder. Outra idéia foi brincarmos mostrando uma maçã linda, mas que tem um reflexo, seu "verdadeiro eu" (expressão cafona!), podre.
Nessa há diferentes tipos de coroas, onde quisemos, num ataque de conceito, dizer que o poder tem diferentes formas, para diferentes pessoas. Nossa, como somos inteligentes!!!
O Título do livro
Quando terminei o livro, minutos antes de fazer as inúmeras cópias para enviar às editoras, o batismo foi alterado de "Poder S/A" para "Poder&Cia Ltda". Resolvido o nome, cópias enviadas, ansiedade controlada, a batalha pelo melhor título voltou alguns meses depois, quando a Editora Nobel apareceu interessada em publicar a obra.
Conversando com amigos, percebi que o título "Poder&Cia Ltda" não caia no gosto de ninguém. Começamos naquela noite no Spot, restaurante hype de São Paulo, a pensar em diferentes propostas, que foram, uma por uma, negadas por quem realmente entende de títulos de livro: a editora. Até que, numa reunião na Nobel, contei que o título original era "Poder S/A". Fechado. Era esse. Essa saga lembrou outra que tenho diariamente: a roupa que vou vestir. Geralmente, faço umas seis trocas e combinações até voltar à primeira, que era a certa mesmo.
Os cinco títulos que o livro já teve:
O definitivo (até este minuto, claro) - "Poder S/A - Histórias Possíveis do Mundo Corporativo"
1 - Poder&Cia Ltda
2 - Podres Poderes (não, não é homenagem ao Caetano)
3 - Pequenos Poderes
4 - Poder
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Pra que este Blog? - Primeiro Post
Como tenho que pegar prática nisto, resolvi começar antes do meu livro ser lançado - já falo sobre ele. Afinal, por enquanto, com certeza, ninguém vai entrar aqui.
Em 2007, resolvi escrever um livro que não saia da minha cabeça já fazia 2 anos. Queria contar pra todo mundo as histórias absurdas que ví acontecendo na minha frente durante quinze anos de mundo corporativo. É incrível como o poder, o crachá e um cartão de visitas com um cargo invejável mudam uma pessoa. Alguém já disse: "dê o poder a seu amigo e aí sim você irá conhecê-lo". Pois é... é verdade, infelizmente.
Mas, divago. Voltemos ao livro.
"Poder S/A - Histórias Possíveis do Mundo Corporativo" é o nome do livro. Depois, conto a epopéia do título e mostro algumas capas bacanas feitas pelo meu amigo/parceiro/camarada Henrique Bacana (claro que o "bacana" foi trocadilho pensado com o nome do amigo). Ele, o Bacana, o Henrique, é diretor de arte de muita coisa, óbvio, bacana. Ele participa do Fantástico, da TV Globo, em projetos especiais (Retrato Falado, por exemplo) e faz muitos e muitos comerciais e documentários. Entendeu o porquê de eu ter pedido para ele fazer a capa do livro? Bobo eu não sou mesmo. E ele é meu amigo. "Amigos, amigos. Negócios juntos, sempre".
Para explicar o que o livro conta - e para ninguém achar que ele é tão confuso quanto este meu primeiro post - segue abaixo um release que escrevi:
Poder S/A
Histórias Possíveis do Mundo Corporativo
Beto Ribeiro
Editora Nobel
Você detesta seu chefe?
Trabalha mais de quinze horas por dia?
Odeia o RH da sua empresa?
Então,... Leia Poder S/A – Histórias Possíveis do Mundo Corporativo. Você não vai aprender a lidar com todas as suas frustrações do dia-a-dia do trabalho, mas vai rir delas. Com certeza.
Baseado em fatos reais, o livro traz à tona as conversas de corredores das mais diferentes e importantes empresas brasileiras. Escrito por um ex-executivo de alto escalão, Poder S/A não tem preocupação com o politicamente correto. Nenhum personagem é poupado, nem a vitima, nem o torturador. Do presidente à copeira, do RH à secretária da diretoria, todos os podres e pequenos poderes dos que passeiam felizes pelo mundo corporativo são desmascarados.
As histórias de Poder S/A, claro, são ambientadas num luxuoso edifício da Av. Brigadeiro Faria Lima, no Itaim Bibi, em SP. Impossível escrever um livro sobre o universo corporativo sem lembrar que empresa bacana que é empresa bacana gasta, e bem, na escolha do endereço da sua sede. Quanto mais caro o metro quadrado, melhor. Assim como o nome do prédio também não pode ser pouca coisa. Quanto mais silabas, mais alto o aluguel. E, por que não, misturar todos os idiomas possíveis? Foi com base nesse estudo-pesquisa quase americano que o edifício de “Poder S/A” foi batizado de “SP Centrale Downtown Financial Center”. Apesar de estar a dez quilômetros do centro de São Paulo e ter apenas uma empresa bancária ocupando suas ricas instalações...
Os 20 andares do SP Centrale – apelido carinhoso dado ao prédio pelos seus moradores - são testemunhas dos personagens mais estranhos do universo corporativo que vivem em eterna tensão e competição pelo melhor cargo, salário e bônus anual. Com texto irônico e ácido, “Poder” abre o backstage das diferentes Companhias, Ltdas e S/A, em que é possível perceber e se divertir com a sordidez e a política de boa vizinhança mentirosa imposta na seara empresarial.
Bom, amanhã eu conto mais coisa. Por enquanto pra ninguém. Espero que depois que o livro sair este espaço tenha um bom número de visitantes, né. Além dos amigos e parentes.